Portugal na primavera
A primeira impress� de Lisboa tivemos logo no avi�, quando o piloto gentilmente deu uma "voada" ao redor da cidade, aproveitando o bom tempo. No aeroporto, percebi que n� seria t� f�il entender a l�gua
portuguesa falada na Terra de nossos descobridores. SUBIDA DE PE�S estava escrito numa placa. Seriam os portugueses preconceituosos? Ou ser�uma express� com outro significado no Brasil? Depois de observar quem subia a subida, descobri que pe�s s� pedestres.
Al� das diferen�s da l�gua, descobri tamb� semelhan�s, como
por exemplo, usar o diminuitivo. "Estava bom o robalinho?" perguntou o gar�m. "Aceita mais um vinhozinho?". (embora um gar�m no Brasil n� exagere tanto). Ao inv� de dizer "ficar a ver navios", dizem os
portugueses: "n� fique a ver os comboios a passar". No in�io, os portugueses n� entendiam o Andreas, meu marido, e falavam ingl� com ele. Depois que ele aprendeu o sotaque, quase se passaria por portugu�, n� fosse o visual n�dico.
A primeira tarde foi uma emo�o nica! Depois de um longo e tenebroso inverno, est�amos n� sentados frente ao Oceano Atl�tico, ao sol, bebericando uma "imperial" (chopp pequeno) Sagres (marca da cerveja local),
imaginando as caravelas de Pedro �vares Cabral saindo em dire�o � �dias, e apreciando o aroma do mar. Assistimos ao primeiro dos inmeros p�-do-sol na Praia do Guincho.
Passamos os primeiros dias (14 a 18 de mar�) hospedados em Cascais, na Quinta da Marinha. Uma casinha geminada no meio dos pinheirais, com dois andares, lareira, decora�o rstica, basicamente na cor azul. Durante a noite, o sil�cio era total!
Cascais �uma cidadezinha linda, antigamente s�conhecida por pescadores. Cresceu muito nos ltimos anos e o povo cascaense descobriu como explorar o turismo. Pudemos perceber isso pelos pre�s dos restaurantes. Aos
poucos, fomos descobrindo pequenos locais freqentados pelo povo, �ima comida, pre�s razo�eis, vinho da casa.
Come�mos a visitar Lisboa pela Torre de Bel�, um forte com 500 anos de vida. Estivemos tamb� no Mosteiro dos Jer�imos, cl�sico exemplo da arquitetura manuelina (s�. XV). Recomendamos a visita aos dois. No Largo do Chiado fizemos uma pausa no Caf�A Brasileira, j�freqentado por Fernando Pessoa. Almo�mos um misto quente. Este parece ser um sandu�he popular entre os portugueses.
Depois subimos a p�at�o Castelo de S. Jorge (padroeiro da cidade), um dos pontos mais altos de Lisboa. Ap� recuperarmos o f�ego, pudemos apreciar uma maravilhosa vista de toda a cidade. Posso imaginar que Lisboa se pare� com alguns bairros de Sampa dos anos 50: ruelas bem estreitas com paralelep�edos, bonde el�rico, padarias, caf�, botecos, tr�sito ca�ico e sem mendigos.
Tamb� os nomes de ruas e bairros trazem S� Paulo à lembran�: rua Augusta, Lapa, av. da Liberdade, 25 de mar�, etc. Num antigo bairro pobre de Lisboa foi organizada a EXPO98, com inmeras constru�es, cada qual num estilo, algumas em uso e um prato cheio para arquitetos. L�visitamos o maior aqu�io (ocean�io) da Europa. Deu para ter uma boa id�a dos oceanos do mundo, sua imensid� e riqueza e despertar nas pessoas um respeito maior pela vida no mar.
Da EXPO 98, pode-se avistar a Ponte Vasco da Gama cortando o rio Tejo. Constru�a no ano passado, a ponte tem mais de 15 km de extens� e �um fen�eno da modernidade, criando um contraste interessante com as casas antigas da capital. Observamos, tanto em Lisboa como nas pequenas cidades, muitas casas antigas abandonadas, pois as leis favorecem os inquilinos e causam especula�o imobili�ia.
A liga�o entre Portugal e o Brasil aumentou com o progresso da telecomunica�o. Em todos os canais pode-se assistir a novelas brasileiras. No radio, ouvem-se quase que s�msicas brasileiras, as revistas trazem artigos sobre personalidades do Brasil e, muitas vezes, algum artista brasileiro famoso na capa. Assim como n� contamos piadas de portugueses burros, eles contam piadas de homossexuais brasileiros. Em comum t� os dois povos a amabilidade.
�primavera em Portugal e a �oca mais colorida do ano. As ac�ias, flores
arroxeadas do alecrim (chamado por l�de rosmarinho), copos de leite, cam�ias, flores do campo, papoulas e outras flores brancas, amarelas, violetas, cujos nomes infelizmente n� sei, enfeitam a paisagem. Os limoeiros
e as laranjeiras est� carregados de frutos. Na Serra de Sintra, visitamos o Pal�io da Pena, remodulado por
diversos monarcas, resultando numa mistura de estilos pitoresca.
Uma caminhada at�o Castelo dos Mouros, no alto de um dos montes, e depois pelo Parque da Pena, com gigantescas samambaias, pinheiros, tuias, �uma �ima op�o para fugir dos centros tur�ticos. Nossa pr�ima parada foi no Caesar Park Penha Longa (18 a 23 de
mar�), pr�imo ao Aut�romo de Estoril. O hotel est�localizado do meio de um imenso parque, que tamb� abriga um pal�io e uma igreja bem antigos.
Logo na primeira noite, havia um buffet de comida japonesa e n� conseguimos resistir, traindo assim nossa proposta de aproveitar a culin�ia portuguesa. Valeu a pena!
Jogamos golfe em diversos campos, um mais lindo do que o outro. Alguns perto do mar e da praia, onde ventava muito, outros no campo, ladeados por oliveiras e sobreiros (�vore que fornece a rolha. Portugal �o
maior produtor de rolhas do mundo).
O tempo esteve �imo, assim deu para visitarmos v�ias praias. Fiquei surpresa ao ver que na Europa ainda existem praias limpas e vazias. Pernoitamos a ltima etapa da viagem na Pousada de Palmela (23 a 27 de mar�), pr�imo a Setbal. O hotel de arquitetura medieval foi constru�o
pelos Mouros no s�ulo XII e transformado em convento no s�ulo XV. E assim terminou nossa viagem. Adeus, terra dos azulejos e dos navegantes. Partimos com grande dor no peito, mas voltaremos com certeza!!!
Angela Hering
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